Uma vez que uma foto é captada, editada e publicada, a quem ela pertence? Quem clicou usando seus conhecimentos técnicos, quem editou dando a ela seu toque artístico ou aos espectadores que dão sua interpretação subjetiva?
          - Essa é fácil Kadu, a lei diz que ela pertence ao seu autor, ou seja, quem a captou valendo-se de suas decisões relacionadas a enquadramento, composição, lente utilizada etc. etc..
          E seu eu te disser que no caso que estamos analisando a edição da foto não foi feita pela mesma pessoa que a clicou? Poderia o editor ser considerado o seu autor? Estaríamos diante de uma obra derivada ou de uma obra de coautoria?
          Isso vai depender da relação e negociação que se deu entre eles, várias formatações negociais são passíveis de serem travadas e cada qual poderá ter consequências diferentes.
          Mas, a bem da verdade, por hoje isso pouca importa. Se o tema deste artigo fosse relacionado à propriedade sob a ótica do direito autoral, essas nuances poderiam interferir no resultado da nossa análise.
          Quem me conhece sabe que tanto a fotografia quanto o direito autoral fazem meus olhos brilharem, afinal sou fotógrafo e advogado especializado em direito autoral, mas não é sobre isso que quero falar hoje.
          A fotografia enseja emoções únicas em cada uma das pessoas que a observam. Aquilo que vejo e sinto não é o que você vê e sente ao olhar para a mesma foto. Cada um tem seu olhar único sobre a mesma fotografia.
          Obviamente que o autor tem um objetivo certo e determinado quanto a mensagem que gostaria de provocar nos espectadores, mas isso não está sob seu controle.
         É verdade que ele pode se valer de subterfúgios para reforçar e imputar sua mensagem, utilizando-se de textos e legendas por exemplo, mas mesmo assim não seria possível controlar aquilo que as pessoas veem e sentem diante de uma foto.
          Cada indivíduo é único em sua subjetividade e interpretará levando em consideração sua própria existência e vivência. O que para um é belo, não o é para outro. Uma imagem que te remeta a bons sentimentos pode não ter o mesmo efeito em outra pessoa.
          O sentimento que vem à tona ao nos depararmos com uma foto nunca será idêntico a duas pessoas, podem até ser próximos, ou não, mas jamais serão idênticos.
          Por isso defendo que a foto publicada deixa de pertencer ao seu autor e passa a pertencer ao mundo, a cada um de seus espectadores, que dará a ela significado próprio.
          É pretencioso achar que um fotógrafo conseguirá condicionar o sentimento de seus espectadores, melhor admitir que a obra pronta deixou de ser dele e ingressou no rol de bens pertencentes à humanidade, podendo cada qual dar a ela sua própria e subjetiva interpretação.
          Isso, para mim isso, tira um peso enorme que recai sobre o fotógrafo e empodera cada uma das pessoas que teve contato com a obra.
          Dessa forma, a foto ganha vida própria e o peso se esvai, ficando no autor apenas o sentimento de saudade daquilo que foi e não é mais.
          Tome seu lugar de protagonista e tome para si as minhas fotos.
          Você pode concordar ou discordar de mim no Instagram. Falemos!
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