Não foi uma, nem duas ou três vezes que eu ouvi fotógrafos falando que o que diferencia um fotógrafo de natureza profissional de um armador é o planejamento, ou seja, a capacidade de antever a foto e sair de casa para fazer exatamente aquilo que foi planejado.
          Para eles, fotógrafo profissional é aquele que tem a capacidade de antever situações, locações, eventos da natureza e incidências de luzes que resultarão na foto planificada. E todos aqueles que não agem assim são meros amadores, que contam tão somente com a sorte para um bom clique.
          Obviamente não concordo com isso.
          Não vou entrar no mérito da importância de planejar nossas fotos, eu mesmo faço isso praticamente todas as vezes que saio de casa para fotografar, especialmente em expedições fotográficas para locais distantes, onde talvez eu nunca mais tenha a oportunidade de voltar.
          Pesquisar o local, as condições climáticas, o posicionamento do sol, os melhores horários e tudo mais que envolve o planejamento de uma foto são sim importantíssimos para qualquer fotógrafo, profissional ou amador.
         Mas não é necessariamente isso que o torna profissional ou não.
          Reconheço que sou uma pessoa bastante controladora, que gosta de planejar cada passo da vida e que sofre quando as coisas não saem como esperado. Obviamente também sou assim com a minha fotografia
          Fotografar a natureza, contudo, é contar sempre com o imponderável.
          Mesmo planejando, quem nunca saiu de casa para aquele pôr do sol lindo e se deparou com chuva? Olha a oportunidade de arco-íris aí! Ou viajou horas para um local sem poluição luminosa para fotografar as estrelas e encontrou o céu todo nublado? Uma boa noite de sono em meio a natureza talvez?!
          Pois é, se nem mesmo os meteorologistas acertam, quem dirá nós. E isso para ficarmos em apenas uma das variáveis do planejamento fotográfico.
          Lembro-me de planejar uma foto de cachoeira na Chapada dos Veadeiros, era um local que tinha pesquisado, que tive a oportunidade de visitar antes e já tinha tudo planejado em relação a composição, lente que utilizaria e horário para pegar a melhor luz.
         Tudo certo, não? Não mesmo!
          Chegando lá um casal tinha ocupado de forma bem expansiva todo o espaço e mesmo conversando com eles não consegui a foto que tinha planejado. Técnicas alternativas de captura e edição resolveu parte do problema, mas não trouxe para casa exatamente a foto que queria.
         O que eu fiz? Revi meu planejamento, acalmei meu espírito, me conectei com o lugar da forma como ele se apresentava e aproveitei a oportunidade para incluir esse casal em algumas das minhas fotos. Acabei com uma foto melhor do que aquela que eu tinha planejado.
          Ser flexível e saber extrair de cada oportunidade o melhor que ela nos oferecer é o que realmente diferencia um fotógrafo profissional de um amador, pelo menos para mim.
           Eu poderia muito bem ter me irritado e com isso ter bloqueado por completo a minha criatividade, mas não.
           Me permitir olhar aquela situação de outra forma, me permiti respirar e me acalmar e trazer à tona meus conhecimentos técnicos e artísticos para fazer o melhor diante da situação diante de mim.
          Além das fotos incluindo o casal eu acabei observando outras cenas que potencialmente não teria visto, pois estaria totalmente concentrado em captar a cena que fui captar.
           Eu posso citar diversas outras situações parecidas com essa e certamente você também se lembra de situações como essa que ocorreram contigo.
          Para mim o que diferencia um fotógrafo de natureza profissional de um armador não é sua capacidade de planejamento, mas sua capacidade de extrair de quaisquer situações fotos marcantes.
          Pode concordar ou discordar de mim no Instagram. Falemos!
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