Quem nunca se deparou com uma paisagem deslumbrante, pegou sua lente grande angular e partiu fotografar o máximo possível do cenário em uma única foto?
          O objetivo certamente era mostrar a beleza, a imensidão e todos os detalhes que nossos olhos estavam vendo.
          Diante de uma vista maravilhosa e poderosa a primeira tendência é querer registrar tudo aquilo que estamos vendo, sem perder nada. A segunda tendência é sempre fotografar no modo horizontal para caber mais na foto.
          Fundamentalmente não tem nada de errado com isso. Ou será que tem? Antes de responder essa pergunta vamos pensar um pouco juntos.
          Você já deve ter reparado que a forma como vemos com nossos olhos não é a mesma forma como a câmera enxerga o mundo.
           Se ainda não percebeu isso faça um experimento. Fique diante de uma paisagem e olhe para ela com atenção e perceba duas coisas: a distância e o tamanho de cada objeto em relação a você.
           Agora pegue sua câmera com uma lente zoom e vá brincando e percebendo como a distância dos objetos e seu tamanho mudam a depender do zoom que você der.
          Caso utilize o zoom para aproximar perceberá que tudo ficará mais perto e maior, ao custo de diminuir nosso campo de visão.
          Se utilizar uma grande angular perceberá que incluirá mais cena no quadro em relação ao que o olho humano enxerga, e perceberá que os objetos em regra diminuíram e ficaram mais distantes.
          Essa percepção é fundamental, pois a partir dela começamos a entender que aquilo que vemos não é aquilo que a nossa câmera vê, e daí em diante podemos de forma inteligente treinar nosso cérebro a enxergar como a nossa câmara.
          Entendido isso podemos voltar ao tema central do nosso artigo, a fotografia do desapego.
          Quando aprofundamos nossos estudos em fotografia invariavelmente nos deparamos com lições sobre narrativa, mensagem imagética e composição. É nesse ponto que tomamos conhecimento de um dos “dogmas” da fotografia.
          Fotografia não é sobre aquilo que estamos colocando no nosso frame, é muito mais sobre aquilo que conscientemente decidimos não colocar.
          O desafio, portanto, é praticar o desapego!
          Pense conscientemente naquilo que quer e naquilo que não quer incluir na sua foto. Desapegue-se da imensidão da paisagem e inclua no seu frame apenas aquilo que tem relevância para a mensagem e para a história que você está contando.
          Guarde um tempo para se conectar com o lugar antes mesmo de pegar sua câmera, perceba aquilo que chama sua atenção, perceba os movimentos existentes na cena, movimente-se e enxergue com os olhos da sua câmera.
          Feito isso, só então pegue sua câmera e comece a pensar na sua fotografia.
          Gaste o tempo que for necessário na sua composição, analise cada pedaço do frame, o primeiro e o segundo plano, o fundo, a disposição dos objetos, as cores, as texturas, os cantos...
          Desapegue de tudo que não for essencial!
          Simplificar, eis aquilo que sempre tento exercitar quando estou em campo fotografando.
          E respondendo a pergunta lá de cima, não tem nada de errado em querer incluir o máximo da paisagem na nossa foto, desde que isso seja feito de forma consciente e praticando o desapego.
          Você pretica o despago? Me conte lá no Instagram. Falemos!
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